segunda-feira, 15 de maio de 2017

Como não apanhar de um surdo:

Veja se você já esteve em perigo perto de alguém surdo:

(Brincadeira, gente, nada de violência. Mas que dá vontade às vezes, dá hahaha) 


No dia a dia:


Perfeito: -"Vi que você utiliza aparelhos auditivos. Você se sente confortável em conversar sobre isso? Porque tenho curiosidade sobre o assunto."

Arriscado: -"Nossa, você usa aparelhos auditivos. Mas não escuta nada sem eles? Toma banho e dorme com eles? É com pilha? Consegue escutar isso aqui? (e faz algum barulho estranho) Com aparelho precisa de legenda? (aquela metralhaaaadora de perguntas que nem deixa respirar)

Absurdo: -"Que bom que tem o cabelo comprido, dá pra esconder, ninguém vai descobrir. Pode ficar tranquila que não conto pra ninguém que você usa."

Pode apanhar: Colocar o dedo.

Vou nem dizer onde é pra colocar esse teu dedo aí.

Em bares, restaurantes, baladas, etc:



Perfeito: -"Vamos conversar onde tem mais luz?"



Arriscado: -"Se não me entender eu repito, sem problema" (mas quer ficar onde é difícil conversar)

Absurdo: Querer conversar berrando na minha orelha, mesmo depois de eu avisar que não adianta.

Pode apanhar: -"Ah, não ouviu de novo? Então deixa pra lá..."
Não deixo não! Vai repetir! 



Em casa, com a família:


Perfeito: Quem quer conversar vem até onde eu estou.


Arriscado: Alguém berra de outro cômodo me chamando, e eu tenho que ir até ela.

Absurdo: Não querer colocar legenda no filme que vamos assistir em casa.

Pode apanhar: Querer perguntar algo quando estou no banho, e repetir cada vez mais alto, achando que vai adiantar.




Como eu entendo vocês falando comigo:


Na sala de aula:

Perfeito: Turma em silêncio, e sempre que possível, abrir as janelas para não precisar ligar o ar condicionado.

Arriscado: Ficar batendo dedos na mesa, apertando a caneta, fazendo barulhinhos repetitivos.

Absurdo: Professor que começa a falar mais baixo porque a turma está falando alto, como um método de pedir silêncio. (Sério, é melhor dar um berro do que fazer isso)

Pode apanhar: Alunos que ficam conversando durante a aula. (Vocês não fazem ideia do que é ruído de fundo, mais zumbido, mais irritação por causa dos sons, e aí a conversa de vocês...) 

Pros coleguinhas que adoram conversar 


Perfeito: Como devo me referir a você, surda, deficiente auditiva, [outra nomenclatura], ou não quer que eu fale nada? 

Arriscado: Ah mas tu nem é surda, tem aparelho auditivo. (A pessoa não sabe nada de surdez e já sai ditando o que é e o que não é) 

Absurdo: Ela tem...é....um...probleminha, sabe? De audição...(falando baixinho, como se fosse um crime)

Pode apanharNão ouviu? Eita surdinha, hein? Mas como que aquele outro dia eu falei no mesmo volume e tu ouviu?


segunda-feira, 8 de maio de 2017

O cinema não tem legenda. O que fazer?

1º: Converse com o gerente e peça para que na próxima semana, quando renovarem a programação, tenha uma sessão por dia legendada de cada filme. Tire um print dos horários, dos cartazes ou se tiver em folheto impresso, melhor ainda. Fale sobre a necessidade das legendas e alerte sobre a possibilidade de processo judicial, sobre a Lei 13.146/2015  e a normativa 128 da Ancine quando esta entrar em vigor. (Antes, leia toda a lei e a normativa, óbvio) 

2º: Retorne ao cinema e verifique se a solicitação foi atendida. 

3º Se tiver as sessões legendadas, ótimo, fique de olho nas próximas programações. Caso não tenha, pegue a programação dessa nova semana, e junto com os laudos médicos atestando a deficiência auditiva, procure o Ministério Público ou a Defensoria Pública. Eles possuem horários de atendimento para a triagem, onde vão recolher documentação, e então enviar para a abertura do processo. 




No processo judicial, não peça indenização, de preferência. Peça um acordo com os cinemas para que tenham mais sessões legendadas até a implantação total da normativa 128 (quando todos os filmes terão que ter legendas, em qualquer horário. De novo, leia a normativa e os prazos!) 

4º: Procure a mídia, faça cartazes e chame outros surdos, e entre em contato a OAB - comissão da pessoa com deficiência do local. Compartilhar a situação pode fazer com que pessoas como advogados e vereadores se atentem à situação, enviando notificações para os cinemas, ajudando no processo judicial ou criando projetos de lei municipais. 


Manifestações por todo o Brasil: conscientização em massa.
Parabéns a todos vocês! <3

Importante: em nenhum momento xingue ou humilhe quem trabalha nos cinemas. Seja educado. A culpa é dos que estão lá no topo da chefia, ou, dependendo do filme, a culpa é da produtora que não fornece legenda para os cinemas.

6º: Acompanhe o processo por e-mail, contatando os advogados e defensores públicos que estão atendendo o caso. 

7º O processo pode demorar, tenha paciência. Continue a pressionar através de manifestações silenciosas com cartazes em frente aos cinemas, de preferência em horário de grande movimentação. Em várias cidades, o simples fato de aparecer na mídia fez com que os cinemas ajustassem os horários para atender o público surdo também.

Conheça a camiseta da campanha Legenda Nacional, o desenho está disponível gratuitamente no site, em várias línguas. Reúna seus amigos e leve o desenho na estamparia mais próxima para fazer a camiseta. Espalhe conscientização! =)