quarta-feira, 15 de março de 2017

Meus ouvidos e meus 10 dólares (quase) perdidos


Na praça de alimentação de um shopping perto do trabalho, me sento para um dos meus almoços fora de hora, entre as aulas da tarde e da noite. Olho para os lados, vejo lojas e uma casa de câmbio. Começo a rir sozinha com as lembranças que me vêm à mente: a surdez me fez mais uma "daquelas".

Em Janeiro estive ali pra comprar alguns dólares, pois iria pro Paraguai com minha mãe (viagem na qual compramos coisas bizarras, mas isso é outra história). A atendente me entregou a quantia e disse 
"Confere, por favor, tem 'tantos' e sete dólares."

Perguntei, pra ter certeza: "-Tantos e sete?" e ela só fez "Uhum". Conferi, guardei e saí rapidamente, porque a fila de argentinos já estava enorme. (Florianópolis no verão, nada de novo...)

Alguns dias depois, vejo o recibo na carteira. Eram "tantos e dezessete dólares", e não "sete". Eita, c-a-r-a-m-b-a. Eu ouvi só sete, tenho certeza. Volto lá, espero e vejo em todas as paredes: "Confira o dinheiro no ato, não aceitamos reclamações posteriores.". Ah, vão aceitar sim, ah, se vão. Explico a situação, e peço as imagens da câmera de segurança, já que tem uma bem em cima de cada balcão de atendimento. 
Pediram-me pra esperar 3 dias, que me responderiam por email. Esperei 10. Volto lá, e depois de explicar toda a situação novamente, recebo o valor que faltava.

Os ouvidos (quase) me fizeram perder 10 dólares - mas isso não é nada comparado a tudo que já perdi, já deixei de escutar, já deixei de conversar e viver. Não é nada, eu sei. Mas o que sei é que naquele dia saí de lá surda, mas com meus 10 dólares e um sorriso na cara.

#PraCegoVer: gif de uma novela brasileira, em que uma vilã dá um olhar malicioso e bebe um suco em uma taça.


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