quinta-feira, 23 de junho de 2016

A ansiedade: Quando meus aparelhos chegam?

~SAVE THE DATE: 14/07/2016~
 
Sim, mês que vem. A ansiedade por algo bom chega a fazer mal pra gente, não? Deixa eu contar sobre a consulta no Instituto Otovida, que foi dia 13/06. Chegando lá, passei por vários atendimentos, é um local bem arrumado, localização nova, onde atendem pelo SUS e particular. Pelo que entendi, os dados clínicos dos pacientes do SUS são utilizados como pesquisas/estatísticas para o próprio instituto (digo "pelo que entendi" porque não ouvi bem, a conversa não era comigo hehe).
 
Fui atendida por assistente social, psicólogo, otorrino, fono, fiz exames de imitanciometria e audiometria, tudo numa tarde só. O SUS pode ser demorado, mas quando se consegue a vaga, tudo funciona muito bem.
 
 
Os moldes foram feitos e dia 14/07 recebo os aparelhos para um teste de adaptação que dura um mês. Inclusive a data do retorno após o teste já está marcada, lá tudo é muito organizado. Escolhi o modelo retroauricular (vamos chamar só de retro), que é o mais conhecido, aquele atrás da orelha:
 
 
 Poderia ter escolhido o intra-auricular (vamos chamar de intra):
 
 

 
que fica só dentro do ouvido, porém seria uma escolha pior no futuro, pois:

 
  • O intra não tem uma potência muito grande, então conforme minha perda de audição aumentasse, eu teria que me preparar para trocar por um retro porque o intra não iria ser suficiente;
  • O intra, por ficar dentro do canal, bloqueia a audição natural que me resta, dá uma sensação muito maior de ouvido "tampado";
  • Gasta mais pilhas do que o retro;
  • É mais fácil de perder e esquecer no banho, pois dá pra tirar a blusa sem tirar os aparelhos;
 
Logo, retroauricular WINS!
 
E não, eu não me importo nem um pouco com o fato de um retro aparecer. Serão meus símbolos de luta, isso sim. Se puder vou até colar uns brilhinhos neles, só pra garantir que todo mundo vai ver. Se reclamar eu coloco uns leds piscantes também. ;)

 

 

 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

"Fulano morreu!" e eu: "Que legal, né?"


Não me entenda mal, alguém ouvinte nunca vai saber o que é fazer leitura labial durante anos, o dia todo, todo dia. E isso cansa. De manhã, tenho toda a atenção do mundo pra ler lábios, à tarde, uns 80%, mas à noite, é muito provável que aconteça igual no título: "Fulano morreu" e eu diga "Uhum...Que legal!" ou me digam "Estou me sentindo mal" e eu: "Ah que bom, né?" Hahaha E é sério, à noite não faço nenhum esforço pra tentar processar os sons, sobre o que me contarem eu só respondo "Aham, sim, não, legal..." Se estiver escuro? Pode esquecer. Se tiver muito barulho no ambiente, também, pois as poucas vogais que me restam desaparecem quando há barulhos mais altos.

       "Ahhhhh Dani, então tudo que te falei aquele dia, de noite, só ignorasse?" Calma, também não é assim. Quando é necessário/importante, eu me esforço sim, e se não entendo algo, peço para repetir. Mas em situações como: alguém puxando papo no ônibus, rodinha de amigos e um deles conta uma piada, festinhas de aniversário com muito barulho ou restaurante com a família contando história lá no outro lado da mesa... se eu conseguir ler os lábios, ótimo, senão, só "sorrio e aceno":



Não entendi e não to nem aí hahaha


Você pode até achar que é falta de respeito, mas com certeza nunca sentiu o cansaço causado pelo esforço mental nesse caso. Fique um dia vendo televisão no mudo e veja se ela continua interessante. Veja filmes com o áudio em um idioma estranho e me diga se consegue se concentrar.



É cansativo demais, o cérebro não está programado pra isso, e atualmente há algumas pesquisas relacionando a surdez com problemas neurológicos, o que não me surpreende nem um pouco. É um esforço que não estava no script, isso causa muita ansiedade. Claro que dá aquele orgulho de ter uma capacidade de dedução/leitura labial tão boa, mas admito que não é o ideal. 


Então se algum dia você me perguntar algo que a resposta não tem como ser "aham", e eu responder "aham", já sabe né? hahaha

terça-feira, 14 de junho de 2016

Testando: aparelhos auditivos #teste2

ReSound Linx

Características:

Retroauricular.
Preço: R$ 6.000,00 (cada um)

Sem controle remoto, possível ajustar por iphone, diferentes programas: paga à parte. Não conecta em celular ou tv.


Tempo de utilização: peguei na terça à tarde e devolvi na quinta, também à tarde. Foram dois dias no trabalho com o aparelho.


Sobre preço:

Dentro da expectativa. É um aparelho simples, básico, à pilhas e sem nada de "luxo".


Minha experiência: 

Gostei do aparelho, posso dizer que pagaria até 5000 reais no par (mas, infelizmente não é só isso, #tristeza)

Nesse momento que escrevo, estou no trabalho e com os aparelhos. Noto que o barulho das teclas do computador é muito alto, escuto vozes que não vejo de onde vêm, e notei grande melhora no entendimento de números quando alguém fala.  O que ainda não me acostumei é empurrar o receptor de volta pra dentro, porque fica saindo de dentro do ouvido. A sensação é como se fosse uns 5 cm de aparelho dentro do ouvido, e dói muuuuuitooooo quando coloca.




Sobre o atendimento :


A fono é um amor, bem atenciosa. É um atendimento bom, nada do que reclamar. Se eu fosse comprar os aparelhos, não me preocuparia com o atendimento. (E na recepção tem bala de banana, encho a barriga quando vou lá hehehehe)





 Cada pessoa é diferente, com características de surdez diferentes. Logo, se você está procurando aparelhos auditivos, faça um teste! Não custa nada, (se alguém cobrar por teste de aparelho, CORREEE!!) e você vai poder dizer o que gostou, o que não gostou e com certeza estará preparado na hora da compra definitiva.




postar http://cronicasdasurdez.com/um-papo-sobre-deficiencia/



Estrangeira no meu próprio país...


Isolada. Você consegue imaginar viajar pra um país com um idioma que você não entende, ou entende bem pouco? Nos primeiros dias pode ser assustador.  Imagine ir no mercado e não saber qual produto está comprando, ou ir pedir algo no restaurante e não saber o que vai receber no prato. Sentar em um local com mais pessoas conversando, e se sentir completamente excluída. Não entender quando perguntam algo, o que passa na televisão ou rádio.
A diferença é que nessa situação, com o tempo você iria aprendendo o idioma, e ficaria mais fácil, mas com a perda auditiva a situação é contrária, só piora.
Esses dias eu já estava "cheia" de uma música que tocava direto na rua, rádio, carros, vizinhos... e não entendia nada, achava que era em inglês, e até comecei a duvidar do meu inglês, por que não entendia NENHUMA palavra cantada...Mas todo dia ouvia aquela melodia em algum lugar.
Até que descubro que a música era em português mesmo! Era "Bang",  da Anitta. E não, eu não entendo até hoje uma palavra sequer daquela música. (E nem vou me dar o trabalho de entender também, prefiro ficar nas minhas músicas anos 30~80 mesmo, obrigada.)
          Mas isso me fez pensar, pois tantas vezes eu ouvi a música, em todo lugar que ia, e não entendi sequer uma palavra. Por isso é tão importante a reabilitação auditiva, pra evitar o isolamento, a depressão, a vontade de viver quietinha do meu próprio cantinho. Não adianta negar o problema, não há mérito algum em se enganar.

Não finja que está tudo bem quando não está. Querer se fazer de forte nesse mundo não vai fazer com que as pessoas te olhem como alguém que superou algo, vão apenas achar que sua vida é boa e que você não precisa de esforço pra nada.