Que saudade de escrever, compartilhar coisinhas do dia a dia aqui. Correria estudando pra concursos me consumiu, não passeava mais com minha família, não via filmes, mal comia/dormia. Mas agora, uma nova fase, e muitas tentativas de fazer o pessoal rir com as besteirinhas daqui. Até logo!
Meu Mundo Silencioso
Não repare a bagunça. Aqui tem de tudo um pouco, pra combinar com a vida.
sexta-feira, 27 de abril de 2018
segunda-feira, 15 de maio de 2017
Como não apanhar de um surdo:
Veja se você já esteve em perigo perto de alguém surdo:
(Brincadeira, gente, nada de violência. Mas que dá vontade às vezes, dá hahaha)
No dia a dia:
Perfeito: -"Vi que você utiliza aparelhos auditivos. Você se sente confortável em conversar sobre isso? Porque tenho curiosidade sobre o assunto."
Arriscado: -"Nossa, você usa aparelhos auditivos. Mas não escuta nada sem eles? Toma banho e dorme com eles? É com pilha? Consegue escutar isso aqui? (e faz algum barulho estranho) Com aparelho precisa de legenda? (aquela metralhaaaadora de perguntas que nem deixa respirar)
Absurdo: -"Que bom que tem o cabelo comprido, dá pra esconder, ninguém vai descobrir. Pode ficar tranquila que não conto pra ninguém que você usa."
Pode apanhar: Colocar o dedo.
Vou nem dizer onde é pra colocar esse teu dedo aí. |
Em bares, restaurantes, baladas, etc:
Perfeito: -"Vamos conversar onde tem mais luz?"
Arriscado: -"Se não me entender eu repito, sem problema" (mas quer ficar onde é difícil conversar)
Absurdo: Querer conversar berrando na minha orelha, mesmo depois de eu avisar que não adianta.
Pode apanhar: -"Ah, não ouviu de novo? Então deixa pra lá..."
Perfeito: Quem quer conversar vem até onde eu estou.
Não deixo não! Vai repetir! |
Em casa, com a família:
Arriscado: Alguém berra de outro cômodo me chamando, e eu tenho que ir até ela.
Absurdo: Não querer colocar legenda no filme que vamos assistir em casa.
Pode apanhar: Querer perguntar algo quando estou no banho, e repetir cada vez mais alto, achando que vai adiantar.
Na sala de aula:
Perfeito: Turma em silêncio, e sempre que possível, abrir as janelas para não precisar ligar o ar condicionado.
Arriscado: Ficar batendo dedos na mesa, apertando a caneta, fazendo barulhinhos repetitivos.
Absurdo: Professor que começa a falar mais baixo porque a turma está falando alto, como um método de pedir silêncio. (Sério, é melhor dar um berro do que fazer isso)
Pode apanhar: Alunos que ficam conversando durante a aula. (Vocês não fazem ideia do que é ruído de fundo, mais zumbido, mais irritação por causa dos sons, e aí a conversa de vocês...)
segunda-feira, 8 de maio de 2017
O cinema não tem legenda. O que fazer?
1º: Converse com o gerente e peça para que na próxima semana, quando renovarem a programação, tenha uma sessão por dia legendada de cada filme. Tire um print dos horários, dos cartazes ou se tiver em folheto impresso, melhor ainda. Fale sobre a necessidade das legendas e alerte sobre a possibilidade de processo judicial, sobre a Lei 13.146/2015 e a normativa 128 da Ancine quando esta entrar em vigor. (Antes, leia toda a lei e a normativa, óbvio)
2º: Retorne ao cinema e verifique se a solicitação foi atendida.
3º Se tiver as sessões legendadas, ótimo, fique de olho nas próximas programações. Caso não tenha, pegue a programação dessa nova semana, e junto com os laudos médicos atestando a deficiência auditiva, procure o Ministério Público ou a Defensoria Pública. Eles possuem horários de atendimento para a triagem, onde vão recolher documentação, e então enviar para a abertura do processo.
No processo judicial, não peça indenização, de preferência. Peça um acordo com os cinemas para que tenham mais sessões legendadas até a implantação total da normativa 128 (quando todos os filmes terão que ter legendas, em qualquer horário. De novo, leia a normativa e os prazos!)
No processo judicial, não peça indenização, de preferência. Peça um acordo com os cinemas para que tenham mais sessões legendadas até a implantação total da normativa 128 (quando todos os filmes terão que ter legendas, em qualquer horário. De novo, leia a normativa e os prazos!)
4º: Procure a mídia, faça cartazes e chame outros surdos, e entre em contato a OAB - comissão da pessoa com deficiência do local. Compartilhar a situação pode fazer com que pessoas como advogados e vereadores se atentem à situação, enviando notificações para os cinemas, ajudando no processo judicial ou criando projetos de lei municipais.
Importante: em nenhum momento xingue ou humilhe quem trabalha nos cinemas. Seja educado. A culpa é dos que estão lá no topo da chefia, ou, dependendo do filme, a culpa é da produtora que não fornece legenda para os cinemas.
Manifestações por todo o Brasil: conscientização em massa.
Parabéns a todos vocês! <3
Parabéns a todos vocês! <3
Importante: em nenhum momento xingue ou humilhe quem trabalha nos cinemas. Seja educado. A culpa é dos que estão lá no topo da chefia, ou, dependendo do filme, a culpa é da produtora que não fornece legenda para os cinemas.
6º: Acompanhe o processo por e-mail, contatando os advogados e defensores públicos que estão atendendo o caso.
7º O processo pode demorar, tenha paciência. Continue a pressionar através de manifestações silenciosas com cartazes em frente aos cinemas, de preferência em horário de grande movimentação. Em várias cidades, o simples fato de aparecer na mídia fez com que os cinemas ajustassem os horários para atender o público surdo também.
Conheça a camiseta da campanha Legenda Nacional, o desenho está disponível gratuitamente no site, em várias línguas. Reúna seus amigos e leve o desenho na estamparia mais próxima para fazer a camiseta. Espalhe conscientização! =)
segunda-feira, 27 de março de 2017
Por que uma deficiência invisível te incomoda?
Não são poucas as vezes em que somos percorridos de cima a baixo por olhares ávidos, pesquisadores e que transbordam curiosidade, em busca da nossa "falha". Porque parece já intrínseco aos humanos procurar pelo 'erro', em vez de apreciar os 'acertos', não?
É incrível como querem descobrir qual a nossa deficiência. Querem descobrir se a pessoa que está na fila preferencial tem algum membro amputado, e por isso, olham, percorrem os nossos corpos como se eles fossem um objeto de estudo em laboratório. E são olhares são tão cheios de julgamento que me fazem pensar "O que será que significa deficiência pra essas pessoas? Parece ser algo horrível, pelos olhares".
As pessoas pensam que TEM QUE SER UMA DEFORMIDADE VISÍVEL. Sabe por quê?
Porque pra maioria, uma deficiência é algo "vergonhoso, feio, que dá pena."
Então, pra elas, precisa ser visível.
Não é deficiência, se não causa vergonha.
Como se uma pessoa com deficiência fosse uma
pobre coitada de quem todo mundo tem pena pela aparência.
Como se uma pessoa com deficiência fosse uma
pobre coitada de quem todo mundo tem pena pela aparência.
Descrição: ator Robert Downey, de terno e gravata, com os braços cruzados, olhos revirados e boca aberta.
Mas você sabe o conceito correto?
Art. 2o "Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas."
E a definição de barreira, também conforme a lei:
"barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros(...)"
Encontrou onde diz que deficiência é algo feio? Ou que é alguma deformidade que necessariamente chama a atenção? Que é visível? Então...
Mas e a fila preferencial, é pra todo tipo de deficiência?
Sim! Fila preferencial não significa "fila rápida". Claro que, por bom senso, pessoas com mobilidade reduzida têm prioridade, e isso deveria ser para todas as filas. Mas o atendimento preferencial é para oferecer um atendimento em condição de igualdade e evitar constrangimentos. É onde tem um atendente (teoricamente) treinado a lidar com um cego, um idoso, surdo ou cadeirante.
Ahh, se todos tivessem paciência para entender o que é "Fale devagar, por favor, não escuto", eu nem iria em caixa preferencial, mas sim em qualquer um. Só que já cansei de passar vergonha e stress com atendente que ignorava o meu pedido de repetir o que disse e achava que eu estava desatenta. Pior, quando repetia, repetia com aquela cara de "Presta atenção na próxima vez", de um jeito nervoso e olhos revirados.
Claro que estou sempre com alguma carteirinha de comprovação da deficiência comigo. Geralmente, mostro no balcão de atendimento, dizendo "Esse é o comprovante de pessoa com deficiência, por via das dúvidas", mas recebo um "Nooossa, nem parece!" E é aí que tá. Pros outros, "tem que aparecer", mas não, não é assim!
Então, em todo lugar em que vejo que posso ter dificuldades no atendimento comum, eu faço valer meu direito e vou no atendimento preferencial. Em aviões é um exemplo. Quando sentei lá no meio de outros passageiros, e vieram servir o lanche, eu não conseguia ouvir as opções. Pedi pra comissária repetir várias vezes, mas com todos os barulhos junto, conversas, eu não entendia. E recebi olhares de passageiros tipo "Aff...Ela tá atrasando todo o serviço, perguntando várias vezes...". Escolhendo o assento preferencial, eu digo aos comissários de bordo que preciso de uma fala mais clara, devagar, e tudo fica perfeito.
Já me disseram que a minha deficiência é uma mentira, que eu só escuto o que quero.
Que é igual uma rinite. (Essa eu ri, e depois pensei: não posso discordar. Rinite é algo que incomoda muito quem tem, mas incomoda bem pouco aos outros, então, até que faz sentido)
Mas sabe de uma coisa? Só a gente, que tem deficiência auditiva, que sabe o quanto isso afeta a vida, e claro que afeta, senão não seria deficiência. É a panela que transborda no fogão e a gente não escuta. Algum parente querendo perguntar algo gritando de fora do banheiro quando a gente tá no banho. (Não adianta, vai ter que esperar). É o namorado(a) que não pode ficar abraçado no escurinho falando coisas na orelha. (Quer dizer, pode, ué, mas vai falar com as paredes, hehehe). É aquele filme em família que só você não pode ver porque não tem legendas. É aquela conversa em festas que você nunca participa porque é um esforço enorme entender algo. É o celular que toca e os outros tem que avisar. É o terror da adaptação aos aparelhos auditivos, onde até abrir um zíper vira tortura.
Nós sabemos como é. E essa nossa união é muito importante, por isso eu adoro ver os grupos do Facebook onde conversamos sobre tudo de surdez, tiramos dúvidas, desabafamos e rimos. E é essa união que devemos ter para gritar ao mundo: não temos vergonha de nós mesmos. E se o fato de nossa deficiência ser (quase) invisível te incomoda, problema teu, preconceito teu, querido.
Já me disseram que a minha deficiência é uma mentira, que eu só escuto o que quero.
Que é igual uma rinite. (Essa eu ri, e depois pensei: não posso discordar. Rinite é algo que incomoda muito quem tem, mas incomoda bem pouco aos outros, então, até que faz sentido)
Mas sabe de uma coisa? Só a gente, que tem deficiência auditiva, que sabe o quanto isso afeta a vida, e claro que afeta, senão não seria deficiência. É a panela que transborda no fogão e a gente não escuta. Algum parente querendo perguntar algo gritando de fora do banheiro quando a gente tá no banho. (Não adianta, vai ter que esperar). É o namorado(a) que não pode ficar abraçado no escurinho falando coisas na orelha. (Quer dizer, pode, ué, mas vai falar com as paredes, hehehe). É aquele filme em família que só você não pode ver porque não tem legendas. É aquela conversa em festas que você nunca participa porque é um esforço enorme entender algo. É o celular que toca e os outros tem que avisar. É o terror da adaptação aos aparelhos auditivos, onde até abrir um zíper vira tortura.
Nós sabemos como é. E essa nossa união é muito importante, por isso eu adoro ver os grupos do Facebook onde conversamos sobre tudo de surdez, tiramos dúvidas, desabafamos e rimos. E é essa união que devemos ter para gritar ao mundo: não temos vergonha de nós mesmos. E se o fato de nossa deficiência ser (quase) invisível te incomoda, problema teu, preconceito teu, querido.
Descrição da imagem: um meme famoso, de um cara de óculos escuros, com uma mão levantada, que acabou de jogar uma pitada de sal no ar, com um jeito debochado, a mão bem delicada.
quarta-feira, 15 de março de 2017
Meus ouvidos e meus 10 dólares (quase) perdidos
Na praça de alimentação de um shopping perto do trabalho, me sento para um dos meus almoços fora de hora, entre as aulas da tarde e da noite. Olho para os lados, vejo lojas e uma casa de câmbio. Começo a rir sozinha com as lembranças que me vêm à mente: a surdez me fez mais uma "daquelas".
Em Janeiro estive ali pra comprar alguns dólares, pois iria pro Paraguai com minha mãe (viagem na qual compramos coisas bizarras, mas isso é outra história). A atendente me entregou a quantia e disse
"Confere, por favor, tem 'tantos' e sete dólares."
"Confere, por favor, tem 'tantos' e sete dólares."
Perguntei, pra ter certeza: "-Tantos e sete?" e ela só fez "Uhum". Conferi, guardei e saí rapidamente, porque a fila de argentinos já estava enorme. (Florianópolis no verão, nada de novo...)
Alguns dias depois, vejo o recibo na carteira. Eram "tantos e dezessete dólares", e não "sete". Eita, c-a-r-a-m-b-a. Eu ouvi só sete, tenho certeza. Volto lá, espero e vejo em todas as paredes: "Confira o dinheiro no ato, não aceitamos reclamações posteriores.". Ah, vão aceitar sim, ah, se vão. Explico a situação, e peço as imagens da câmera de segurança, já que tem uma bem em cima de cada balcão de atendimento.
Pediram-me pra esperar 3 dias, que me responderiam por email. Esperei 10. Volto lá, e depois de explicar toda a situação novamente, recebo o valor que faltava.
Os ouvidos (quase) me fizeram perder 10 dólares - mas isso não é nada comparado a tudo que já perdi, já deixei de escutar, já deixei de conversar e viver. Não é nada, eu sei. Mas o que sei é que naquele dia saí de lá surda, mas com meus 10 dólares e um sorriso na cara.
#PraCegoVer: gif de uma novela brasileira, em que uma vilã dá um olhar malicioso e bebe um suco em uma taça.
terça-feira, 14 de março de 2017
Não deixe a surdez te isolar
Vamos conversar sobre a adaptação aos aparelhos auditivos?
Usar aparelhos pode ser muito agoniante, sabia? Da mesma forma que pra você, ouvinte, o volume que você ouve é o "normal", pra mim, o que eu escutava (perda moderada) era o meu "normal" também. No primeiro dia no volume 'corrigido' de ouvintes, com aparelhos auditivos, tudo era doloroso. Foram 7 meses com um volume mais baixo, pra só então aumentar para o 'normal'. E sobre esses novos aparelhos, e em volume mais alto, com certeza:
Não foi nada fácil.
Colocar o copo na mesa, o click do mouse e teclado do computador, fechar uma porta, deixar algo cair no chão, caminhar dentro de casa, até abrir um zíper, era tortura. Comer com aparelhos, nem pensar. Eu tinha certeza de que JAMAIS iria me acostumar com tanto barulho. Me recusava a acreditar que o mundo era assim, comecei a duvidar se os exames de audiometria estavam corretos. Até apagar a luz quando saía do quarto rendia um grande susto, o interruptor fazia barulho. Balançava a cabeça enquanto pensava "Não, não! Está alto demais!". Voltei na clínica no dia seguinte e pedi pra diminuir um pouco. Menos ruim, mas cada barulho ainda era de arrepiar. Imagine algo irritante, que dói, deixa a gente quase louco de tanto barulho, mas é só desligar, que tudo passa. Quem iria ficar se 'torturando'? Por isso compreendo quem acaba desistindo de usar aparelhos auditivos. É bem difícil.
Só que o que vem depois vale a pena.
É sair de uma bolha isolante. Se adaptar aos aparelhos é começar a participar das conversas, parar de ficar só ali observando e com a mente em outros pensamentos ( chamada de "desatenta" ainda). É parar de falar "Aham" e sorrir quando na verdade não entendemos uma palavra sequer que disseram. Nunca tinha notado o quão isolada eu era, embora sempre estivesse ali, presente. Se meus amigos e familiares soubessem quanta coisa eles falaram e eu só fingi que ouvi, sei que até ficariam chateados. E pra você, que sente o mesmo, se sente isolado, ainda pensando se tenta usar aparelhos ou não, eu recomendo: faça esforço pra se comunicar, não importa como. Tente de tudo. Leitura labial, aparelhos, Libras, por escrito, que seja. Mas não se isole. Busque alternativas, porque se isolar só vai fazer mal.
Usar aparelhos pode ser muito agoniante, sabia? Da mesma forma que pra você, ouvinte, o volume que você ouve é o "normal", pra mim, o que eu escutava (perda moderada) era o meu "normal" também. No primeiro dia no volume 'corrigido' de ouvintes, com aparelhos auditivos, tudo era doloroso. Foram 7 meses com um volume mais baixo, pra só então aumentar para o 'normal'. E sobre esses novos aparelhos, e em volume mais alto, com certeza:
Não foi nada fácil.
Colocar o copo na mesa, o click do mouse e teclado do computador, fechar uma porta, deixar algo cair no chão, caminhar dentro de casa, até abrir um zíper, era tortura. Comer com aparelhos, nem pensar. Eu tinha certeza de que JAMAIS iria me acostumar com tanto barulho. Me recusava a acreditar que o mundo era assim, comecei a duvidar se os exames de audiometria estavam corretos. Até apagar a luz quando saía do quarto rendia um grande susto, o interruptor fazia barulho. Balançava a cabeça enquanto pensava "Não, não! Está alto demais!". Voltei na clínica no dia seguinte e pedi pra diminuir um pouco. Menos ruim, mas cada barulho ainda era de arrepiar. Imagine algo irritante, que dói, deixa a gente quase louco de tanto barulho, mas é só desligar, que tudo passa. Quem iria ficar se 'torturando'? Por isso compreendo quem acaba desistindo de usar aparelhos auditivos. É bem difícil.
Só que o que vem depois vale a pena.
É sair de uma bolha isolante. Se adaptar aos aparelhos é começar a participar das conversas, parar de ficar só ali observando e com a mente em outros pensamentos ( chamada de "desatenta" ainda). É parar de falar "Aham" e sorrir quando na verdade não entendemos uma palavra sequer que disseram. Nunca tinha notado o quão isolada eu era, embora sempre estivesse ali, presente. Se meus amigos e familiares soubessem quanta coisa eles falaram e eu só fingi que ouvi, sei que até ficariam chateados. E pra você, que sente o mesmo, se sente isolado, ainda pensando se tenta usar aparelhos ou não, eu recomendo: faça esforço pra se comunicar, não importa como. Tente de tudo. Leitura labial, aparelhos, Libras, por escrito, que seja. Mas não se isole. Busque alternativas, porque se isolar só vai fazer mal.
Hoje foi uma grande surpresa notar que pensei "Poxa, podia aumentar um pouquinho o volume. Dependo muito de leitura labial, e tem muitas consoantes que ainda não estou escutando". Jamais imaginei que pensaria isso! Comecei a observar: o clique do mouse, a porta, os passos, as vozes...Não doem mais! O cérebro está pronto para mais desafios. É difícil passar pelo aprendizado da audição junto com o aprendizado da faculdade mais as 6 horas diárias de trabalho, pois usar aparelhos é como ficar o dia inteiro "estudando" - a mente cansa.
Se você optar pela adaptação a esse mundo sonoro, seja forte. Não vá com toda a animação achando que vai ouvir tudo, porque a decepção no começo é grande.
E nem sempre a gente gosta de ouvir, tem pessoas que eu queria que em vez de som, tivessem legenda embaixo do rosto, porque é difícil escutar. Mas também, se não gostar, é só apertar o "Off". Somos maleáveis. Nos dobramos, choramos, rimos, porém, mais importante: continuamos e com o tempo, nos moldamos. E sem aviso, nos vemos adaptados a um novo mundo. O que era dolorido já é só lembrança. E podendo viajar de volta pro passado - é só tirar as pilhas. Somos persistentes porque a esperança da recuperação é algo que aprendemos cedo, desde o joelho ralado que se cura até os amores que se vão.
Sim, pode doer, mas um dia essa dor vai passar. E vai valer a pena, confia. Só não desiste.
Se você optar pela adaptação a esse mundo sonoro, seja forte. Não vá com toda a animação achando que vai ouvir tudo, porque a decepção no começo é grande.
E nem sempre a gente gosta de ouvir, tem pessoas que eu queria que em vez de som, tivessem legenda embaixo do rosto, porque é difícil escutar. Mas também, se não gostar, é só apertar o "Off". Somos maleáveis. Nos dobramos, choramos, rimos, porém, mais importante: continuamos e com o tempo, nos moldamos. E sem aviso, nos vemos adaptados a um novo mundo. O que era dolorido já é só lembrança. E podendo viajar de volta pro passado - é só tirar as pilhas. Somos persistentes porque a esperança da recuperação é algo que aprendemos cedo, desde o joelho ralado que se cura até os amores que se vão.
Sim, pode doer, mas um dia essa dor vai passar. E vai valer a pena, confia. Só não desiste.
E se você escolher ouvir, garanto: tem muito som aí fora pra você se surpreender, se arrepiar, sons que vão fazer chorar e rir. Só que é preciso força pra aprender a ouvi-los.
Se quiser, compartilhe comigo e com todos as suas pequenas novidades sonoras. Só não mande áudio no whatsapp, por favor.
Camiseta: Legenda para quem não ouve, mas se emociona.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Mãe de uma deficiente auditiva | Entrevista
Em um final de semana sem muito o que fazer, observei que tem coisas sobre a surdez que eu sei, mas que nunca falei para os meus pais e familiares. E também, muitas coisas que eu nunca perguntei pra eles, pra saber o que eles pensam. Então fiz 10 perguntas pra minha mãe:
(Se você chegou agora e não sabe da minha história com a perda auditiva, sugiro a leitura desse texto >aqui< antes de continuar. )
(Se você chegou agora e não sabe da minha história com a perda auditiva, sugiro a leitura desse texto >aqui< antes de continuar. )
~ Carmelita Kraus ~
1) O que sentiu quando viu o meu laudo médico? (Eu estava com 19 anos, em 2016)
Mãe: Quando fui junto fazer a audiometria, durante o exame passou muita coisa pela cabeça, uma mistura de medo de como seria daqui em diante e uma grande culpa por não ter notado antes. E também, muita emoção de ver você ouvir minha voz e mexer nos cabelos [o barulho do cabelo nos aparelhos, no primeiro teste] levou dias pra 'cair a ficha'.
Meu comentário: Lembro muito bem da tua emoção, mãe...Eu arregalei os olhos e me assustei quando te vi falando e a voz parecia de outra pessoa, completamente diferente, pensei que tinha entrado mais alguém na sala.
2) Já imaginava que eu tinha perda auditiva?
Mãe: Nunca imaginei que tinha a perda, por ser esperta e ativa até demais.
3) Hoje, como imagina que é a sensação de usar aparelhos?
Mãe: Deve ser horrível! Tantos barulhos, e fortes...Se fosse bom tu não ia querer tirar assim que chega em casa...Não usar é ruim, mas usar também deve ser bem difícil. Hoje vejo que se tivesse notado antes a perda você não passaria tanto trabalho com adaptação ao aparelho.
4) Uma coisa ruim e uma boa de viver com alguém que não escuta direito?
Mãe: Uma coisa ruim seria a irritação de ficar o dia todo de aparelho ouvindo trilhões de sons e chegar em casa, querer silêncio, e familiares querendo conversar pra saber como foi o dia, trabalho, estudos...Mas você está estressada e não quer muita conversa.
Uma coisa boa, saber que você usando aparelhos vai atravessar a rua e escutar se vem carro...E ver você ouvindo música e levando a vida normalmente.
5) Se pudesse voltar no tempo, acha que eu escolheria não ter perda auditiva?
Mãe: Acho que não podemos escolher ter uma deficiência/perda. Você sempre supera todos os obstáculos que aparecem e ainda tira proveito [no bom sentido]. Se a vida te der limões, faça limonada.
(Olha só, mãe filosofando. Gostei hehe)
(Olha só, mãe filosofando. Gostei hehe)
6) Algum hábito que teve que mudar quando notou minha surdez?
Mãe: Sim, muitos. Não telefonar pra você, nem mandar áudio, chamar com tom de voz mais alto, avisar quando chega visita (pra não aparecer enrolada na toalha), etc...
7) Algum hábito ainda por mudar?
Mãe: Sim, falar sempre de frente pra ti.
8) Já se imaginou sendo surda? Se sim, em que situação?
Mãe: Nunca me imaginei sendo surda.
9) Alguma situação engraçada por causa da surdez?
Mãe: Todos os dias aprendendo ainda a conviver com a sua surdez, e ainda não caiu a ficha direito. Situação engraçada foi ser chamada de sogra por vários moços e você nem escutou nada, do meu lado hahaha
10) Como imagina que vai ser daqui a uns 20 anos, quando vou ouvir muito menos do que hoje?
Mãe: Gostaria que daqui a 20 anos tivesse muito mais tecnologia pra não ter essa perda e ter mais qualidade de vida, pois o futuro preocupa, mas a ciência sempre vai avançando. Se assim não fosse, não teria descoberto a surdez pela audiometria [pela ciência].
Obrigada, mãe, pelas respostas. Algumas eu até já imaginava, outras, me surpreenderam muito. ♥
E você, que tal conversar com os amigos e familiares, pra descobrir o que eles pensam sobre a surdez? Às vezes nós sabemos tanto, pesquisamos, refletimos, mas guardamos tudo. 'Bora' compartilhar conhecimento! ;)
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Propriedade privada, aqui acessibilidade não entra! (Será?)
Ainda tem muuuuita gente que conversa comigo sobre a "imposição" de acessibilidade em propriedade privada. Muita gente comenta em redes sociais, que não deveriam "forçar" ter acessibilidade em cinemas, teatros, shoppings, faculdades particulares, etc, porque lá é propriedade privada. Já me afirmaram que acessibilidade só deveria existir em órgãos públicos, e que nos outros lugares, conforme a 'demanda do público', os proprietários iriam se ajeitando...(Será? Temos a 'demanda' de 10 milhões de deficientes auditivos e olha só..Os cinemas não estão nem aí.)
Minha cara de "Q?" quando leio certas coisas que comentam...
Bom, então vamos imaginar viver nesse mundo da fantasia que só é acessível em órgãos públicos.
Imagine que você está em uma cadeira de rodas:
(Eu não sei nem 1% das dificuldades de quem é cadeirante, mas tentei imaginar algumas situações)
(Eu não sei nem 1% das dificuldades de quem é cadeirante, mas tentei imaginar algumas situações)
Segunda-feira, você precisa ir ao banco, mas não tem nenhuma rampa de acesso, e a escada tem vários degraus. Mas você não pode reclamar, afinal, o dono do banco que manda ali, não é?
Terça-feira, você vai numa entrevista de emprego. Não consegue nem entrar na recepção, a porta é estreita demais. Entra pela porta dos fundos, após passar pelo estacionamento, um local perigoso para transitar com a cadeira. Mas depois da entrevista, você vê que não teria como trabalhar lá, porque o banheiro não é acessível para todos, e o empregador deixou claro que não pode mudar o local por questões estéticas e financeiras. Você desiste. Alguém sem deficiência consegue o emprego facilmente.
Quarta-feira, você vai fazer a matrícula em um curso profissionalizante. Mesmos problemas, portas estreitas, sem mesas adaptadas, banheiro inacessível. Segundo pavimento, só por escadas.
Quinta-feira, você sai com os amigos para um restaurante. Total falta de acessibilidade, mesas altas demais, degrau na porta, banheiro minúsculo.
Sexta-feira, você pensa em ir no cinema com a família. Mas o shopping é propriedade privada, então eles decidiram criar escadas em frente ao cinema. E dentro da sala de filme, não há rampas.
Sábado, seus amigos vão assistir a uma peça teatral, mas adivinha? Lá você também não consegue entrar. O dono do teatro não se importa. Então que tal uma voltinha em...Hmm.. Talvez uma delegacia? É um órgão público, lá é acessível...
Domingo, você pensa em viajar de ônibus. Porém a companhia de viação não tem elevador para entrar e sair do ônibus. Bom, mas dizem que só órgãos públicos devem ter acessibilidade, né? Então que tal ir...Hmm..que tal uma voltinha na Defensoria Pública, enquanto sua família vê um filme no cinema? Ou, que tal um passeio por dentro de um hospital público, enquanto seus amigos passeiam em um parque de diversões? Se der mais vontade de sair, tem o Ministério Público também, não é interessante?
Pare e pense, amiguinho.
A questão de quem banca a acessibilidade, aí é outra história, pra isso temos economistas que estudam por anos para debater isso, é uma área onde "achismos" leigos infelizmente não resolvem. Mas pesquise quantas pessoas com deficiência existem no Brasil, e depois me diga se não é um grande público consumidor.
Um rapaz um dia me fez o seguinte comentário: "Tem coisas que a deficiência simplesmente nos impede, e a gente tem que aceitar. Ver um filme, sendo surdo como eu também sou, é impossível e a gente tem que aceitar e ponto final. Sem mimimi por legenda."
~revirando os olhos até não conseguir mais~
Nem respondo, ele tem a mesma deficiência que eu, ele sabe as dificuldades que passamos. Quando a pessoa com deficiência se limita, aí é complicado, né?
Não consigo entender como acham justo alguém ter menos oportunidades em função da deficiência. Sempre que alguém é privado de um lugar, privado de informação, de cultura, em razão da deficiência, é injusto. Ver alguém dizer que uma pessoa não tem direito a algo por causa da deficiência, pra mim, é uma das coisas mais revoltantes - uma das poucas coisas que me tira do sério. Deficiência não se escolhe. Pode acontecer com você, com seus pais, seus filhos ou amigos. E uma deficiência só será uma 'tragédia', ou um mar de dificuldades, como dizem, se o mundo ao redor não for acessível. Uma deficiência já nos priva de muitas coisas que jamais conseguiremos reverter, então acham mesmo justo que tantas coisas e locais sejam inacessíveis?
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Retrospectiva 2016 | #CadêALegenda? e #SurdosExistem
Preparada com muuuuito carinho pra vocês, apresento-lhes ~A COLETÂNEA~
Julho de 2016
Manifestação em frente ao cinema em São José, Santa Catarina:
Print do post do facebook da Dani em frente aos cinemas, com várias fotos dela segurando cartazes com as escritas "este cinema não respeita surdos", legenda pra quem não ouve é lei", "pessoas com deficiência existem", "mais legenda, menos exclusão".
Disponível >aqui<
Moção de apoio do IFSC bilíngue, da Palhoça, Santa Catarina:
Print do início do texto de moção de apoio.
Leia a moção completa >aqui<
Apoio de um dos maiores (senão o maior) portal sobre surdez, do Brasil, o Crônicas da Surdez:
Manifestação em São José, Santa Catarina:
Rosemary Ventura, Gustavo Copello, Micael Martins, Gabriella Esteves, Dani, Camilla Copello, Amanda Copello. Muito obrigada a todos vocês!
Segurando cartazes com as mesmas escritas da imagem anterior, da Dani.
Curta e compartilhe >aqui<
Agosto de 2016
Germano Dutra, criador do canal 'Surdo Cult', fez um vídeo muito legal, em Libras, sobre os protestos:
Inscrevam-se no canal dele!
Manifestação no cinema em Florianópolis, Santa Catarina:
Print com várias fotos da Dani e da Gabriella em frente ao cinema, com os mesmos cartazes.
Curta e compartilhe >aqui<
Cinemark até agora sem respostas.
A OAB propõe que nos Boletins de Ocorrência tenha um campo destinado a especificar se a pessoa possui deficiência ou não, assim, levantando dados sobre os crimes contra PCDs.
Link da reportagem >aqui<
Obrigada Ludmila Hanisch! <3 Você é incrível!
Projeto de lei por legendas em Campinas, São Paulo:
Print da reportagem do link abaixo, em que mostra o título "Câmara aprova, em primeira discussão, obrigatoriedade de filmes -mesmo dublados - com legendas para deficientes auditivos nos cinemas de Campinas". Abaixo, uma foto da câmara, com vários vereadores conversando.
Disponível >aqui<
Encontro de usuários de aparelhos auditivos e implantes cocleares em Florianópolis:
Em frente a uma sede do parque, em que há uma escada no centro, aproximadamente 30 pessoas, participantes do encontro.
27/08, Parque Florestal do Córrego Grande.
Conheci e me envolvi [pra nunca mais largar] com a campanha "Legenda pra quem não ouve, mas se emociona"
Dani sorrindo, cabelo amarrado, com a cabeça virada para o lado, usando a camiseta com as escritas "legenda pra quem não ouve, mas se emociona"
Curta a página da campanha >aqui<,
Faça o download gratuito do desenho e mande fazer a sua camiseta também!
Conheci o aplicativo Listen - Perda Auditiva:
Um app para quem tem perda auditiva ouvir músicas ( pois o volume dos fones do celular geralmente não é alto o suficiente). E o app também funciona como um aparelho auditivo!
Dani sentada em um banco, sorrindo, dentro do shopping, pernas cruzadas, segurando o celular que está com fone de ouvido, mostrando o aplicativo.
Ouvir música no fone, sem os aparelhos auditivos é possível para perdas moderadas-severas, informações:
Assista mais >aqui<
Blog da Listen: >aqui<
Facebook: >aqui<
Manifestação em Divinópolis, Minas Gerais:
Manifestação em Belo Horizonte, Minas Gerais:
Curta e compartilhe >aqui<
Manifestação em Palhoça, Santa Catarina:
Curta e compartilhe >aqui<
Manifestação em São Luís, Maranhão:
Setembro de 2016
Assembleia Legislativa de Santa Catarina fez projeto de lei para que tenha legendas em cinemas:
Print do post da assembleia legislativa, no facebook, anunciando o projeto de lei sobre legendas.Mostra uma sala de cinema, vista do fundo, e na tela está escrito Qual a sua opinião? Projeto em tramitação pretende obrigar salas de cinemas a exibir filmes nacionais e dublados também com legendas em português.
Disponível >aqui<
Ainda está em tramitação, última movimentação:
28/11/2016 - Gabinete Dep. João Amin - Recebido
Leia o Projeto de Lei >aqui<
Acompanhe o processo >aqui<
Teste de cinema acessível com legenda, Libras e áudio descrição na Paraíba, com a Cinépolis, e entrevista com a equipe do LAVID/UFPB:
Print da lista de vídeos do canal da Dani, no youtube, em que aparecem 3 vídeos, o da esquerda, é "Como conseguir aparelho auditivo do sus", o do meio, "Na paraíba com a cinépolis, parte 2: teste de cinema" e o da direita "Paraíba, parte 1, viagem e hotel"
O presidente da Cinépolis foi pessoalmente acompanhar.
Vídeo >aqui<
Polícia Militar de Santa Catarina lançou o 190 acessível:
Print da publicação no facebook da polícia militar, com o vídeo de apresentação do serviço que atende em libras e por escrito.
Assista ao vídeo >aqui<
Manifestação em Recife, Pernambuco:
Disponível >aqui<
E matéria no G1 >aqui<
Matéria no SurdoSol >aqui<
E saiu lei estadual por legendas em Pernambuco:
Print da matéria abaixo, em que aparece Marcelo, com a camiseta da campanha Legenda pra quem não ouve, mas se emociona em frente ao cinema, com o cartaz "sou surdo e mereço estar excluído pelos filmes sem legendas?"
Disponível >aqui<
Manifestação no cinema em Caruaru, Pernambuco:
Print da publicação abaixo, com áudio descrição:
Disponível >aqui<
Manifestação no cinema em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul:
Print da publicação de Fabiano, com aproximadamente 30 pessoas em frente ao cinema, com vários cartazes pedindo por legendas.
Disponível >aqui<
Reportagem >aqui<
Projeto de Lei por legendas em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul:
foto: print do site de notícias, em que mostra o título "comunidade surda obtém conquista na câmara de Caxias do Sul, e na foto, mais de 20 pessoas em frente a câmara, na grama, com cartazes sobre legendas, exemplo, "mais legenda, menos exclusão".
Disponível >aqui<
E no facebook da Carilissa Alba, >aqui<
Conheci a Uqüe - Plugs for Lugs, que cria adereços para aparelhos auditivos e implantes cocleares:
foto: print da página do facebook da Uque, em que na capa tem um menino rindo, com sol no rosto, e o aparelho auditivo dele está enfeitado com um acessório de super herói..
Conheça a página >aqui<
Saiu a normativa nº 128 da ANCINE, DECRETANDO LEGENDA, LIBRAS E ÁUDIO-DESCRIÇÃO EM TODOS OS CINEMAS!
foto: print do site da ancine, em que aparece o início do texto da normativa 128.
Leia a normativa >aqui<
Conhecemos pela internet a campanha por legendas da Argentina:
foto:print do facebook, de duas fotos da campanha da argentina, na primeira, em cima, 5 mulheres na rua, segurando cartazes com o logo da campanha, que é uma orelha desenhada e ao redor, escrito "junto por los subtítulos". Na foto de baixo, elas estão de costas, levantando os cartazes.
Disponível >aqui<
No dia 26 é comemorado o Dia Nacional do Surdo, e tive a oportunidade de escrever para o Blog da Listen, leia >aqui<
Conheci as pessoas maravilhosas do "Surdos por aí":
Encontro na Semana Inclusiva, no IFSC - Florianópolis.
Curta a página deles >aqui<
Outubro de 2016
Manifestação no cinema em São Paulo (capital):
foto:print da publicação do facebook, com mais de 40 pessoas segurando cartazes em frente ao cinema, com dizeres sobre legendas.
Disponível >aqui<
Primeira televisão acessível, em Libras e legendas:
foto:print do site da TV Ines, em que aparece várias miniaturas de vídeos, com os repórteres.
Disponível >aqui<
Divulgação da campanha na Rádio Guarujá, alcançando o público ouvinte:
Gabriella Esteves, professora universitária e surda, Locutor Clayton Ramos e eu. Até ligaram pra rádio perguntando como conseguir aparelho auditivo pelo SUS, espero que a pessoa tenha conseguido!
Palestra na FADESC, para turmas universitárias de pedagogia, sobre surdez e educação:
Ao lado das ilustríssimas Mari Backes e Gabriella Esteves. Auditório cheio, noite maravilhosa!
Novembro de 2016
Manifestação no cinema em Campina Grande, Paraíba:
foto: print do facebook, da manifestação com mais de 40 pessoas com a camiseta da campanha, no shopping.
Curta e compartilhe >aqui<
Mais fotos >aqui<
Manifestação no cinema em João Pessoa, Paraíba:
Foto: mais de 40 pessoas em frente ao cinema, usando a camiseta da campanha, e segurando cartazes com vários dizeres pedindo por legendas.
Foto: Luiza Douettes, curta e compartilhe >aqui<
Dezembro de 2016
Prefeitura de Florianópolis disponibiliza atendimento em Libras, em alguns órgãos públicos:
print da publicação da Viavel, no facebook, em que aparece o vídeo com uma mulher falando em libras sobre o atendimento para surdos.
Assista ao vídeo >aqui<
Professores de engenharia do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), Campus Florianópolis se disponibilizam a criar um "sistema FM" de baixo custo, com recursos já existentes.
Ao fundo, o prédio do ifsc, com a logo "IF", com o céu azul, e na frente, uma árvore na direita, e telhados abaixo, pois a foto foi tirada de um local alto.
Foto: arquivo pessoal
O sistema FM é um microfone que fica preso à roupa do professor, e o som é enviado ao aparelho auditivo do aluno. Porém essa tecnologia não é disponibilizada no ensino superior, e o custo é muito alto se a universidade for comprar. Assim, os professores se disponibilizaram a adaptar aplicativos e microfones já existentes para criar um sistema semelhante. O microfone está em processo de compra pelo Instituto, e se der certo, essa ideia poderá ser utilizada em qualquer universidade e escola do país, por ser quase 10 vezes mais barata que o Sistema FM original.
Alunos das engenharias do IFSC - Campus Florianópolis se unem e pedem por matéria optativa de Libras, e são atendidos:
Imagem logo do IFSC, com as letras I e F grandes, na esquerda, feitas com pequenos blocos verdes, e na direita, está escrito instituto federal de educação, ciência e tecnologia de santa catarina, campus florianópolis
Fui fazer a rematrícula e agora temos duas turmas de Libras. Uhul!
(Temos o IFSC Campus Palhoça, que é bilíngue (português/Libras) então é fácil deslocar um professor de lá para o Campus Florianópolis, pela proximidade)
Sobre os cinemas:
Estamos mantendo contato com as gerências e a comissão técnica da ANCINE, cobrando prazos e discutindo os tipos de tecnologias que estão testando para implementar a acessibilidade. Sugeri a um cinema de Florianópolis para que seja feita uma sessão apenas com surdos, testando as tecnologias de Legenda descritiva e Libras, estou no aguardo da resposta.
Portais de notícias, blogs, artistas que apoiaram:
Blog Animação S.A.
Beta Redação, do RS.
Programa Ver Mais (sem legendas, infelizmente )
Jornal do Almoço (sem legendas, infelizmente )
O ano também rendeu boas imagens:
Beta Redação, do RS.
Programa Ver Mais (sem legendas, infelizmente )
Jornal do Almoço (sem legendas, infelizmente )
O ano também rendeu boas imagens:
Disponível (com áudio descrição) >aqui<
Do "Legenda pra quem não ouve, mas se emociona"
Disponível (com áudio descrição) >aqui<
Resumo da vida, hehe
Disponível (com áudio descrição) >aqui<
Dizem que é uma foto real minha, acordando pela manhã hahaha
Pra mandar pra aquele amigo que ainda diz "Uééé, mas tá de aparelho, como não entendeu?"
Imagem: Dani Machado
No fundo branco, a frase "Não ouvi tudo o que você disse, eu deduzi. E a leitura labial ajuda muito. Fale de frente". As letras estão com cores variadas de cinza, e pequenos pontos de interrogação ao redor. As consoantes mais difíceis de ouvir estão em cinza bem claro, para que fiquem difíceis de serem vistas, e as vogais, em preto ou cinza escuro, simbolizando a dificuldade dos deficientes auditivos ao captar somente alguns sons
Janeiro de 2017
~ ? ~
Que seja um ano com muita acessibilidade e inclusão!
MUITO OBRIGADA a você que participou das campanhas, que compartilhou nas redes sociais, porque essa conscientização faz toda a diferença!
Alguns dizem “Ah, é só uma foto na internet, não muda nada”...Ahh, mas se eles soubessem que através de ‘simples fotos na internet’ tantas amizades foram firmadas, lágrimas de alegrias foram derramadas, projetos de leis criados e quantas pessoas se sentiram finalmente completas com sua própria deficiência! Através da propagação da mídia, surdos conheceram outros surdos, e não se sentir sozinho é uma sensação maravilhosa, temos mais união ainda do sul ao norte do país. Através da mídia, os cinemas estão abrindo mais os olhos. Até mesmo canais no youtube começaram a por legendas, prefeituras estão oferecendo atendimento em Libras e eu pude ir ao cinema mais próximo de casa com minha família assistir [e entender] um filme com eles - algo aparentemente tão simples, mas a sensação foi surreal, e desejo que todos possam sentir o mesmo.
A semente da empatia foi plantada em muitos ouvintes, que nunca haviam parado para pensar sobre como é ser surdo, então eles conheceram um novo mundo, viram como falta acessibilidade para todas as deficiências. Famílias começaram a buscar informações de como lidar com um membro surdo, seja pesquisando sobre aparelhos auditivos, implantes ou Libras.
Muitos surdos que nunca puderam ir ao cinema se sentiram representados por cada um de vocês que protestou, que colocou toda essa indignação pra fora, de uma vida de invisibilidade, uma vida "deixando pra lá" tudo o que não ouviu, ou que não pode ouvir, pela falta de recursos acessíveis. Vocês fizeram história, e estão em busca de algo que não é só por nós do presente, mas pelas gerações futuras, deixar um mundo mais inclusivo para os que virão. E isso é sublime, admirável.
Há aqueles que viveram escondendo a surdez, mas agora se libertaram do medo do preconceito e estão se aceitando. Amigos estão buscando informações, perguntando como é ouvir com aparelhos, procurando cursos de Libras, estão querendo entender como é conviver com a surdez, e isso é incrível. Existe a acessibilidade que é construída com leis, e existem momentos em que a acessibilidade é construída apenas com pessoas, com empatia, e é aí que entra a importância da informação. Então, muito, muito obrigada a todos, a minha gratidão e orgulho por vocês será sempre um sentimento muito especial. Agradeço inclusive pelos sorrisos e pelas lágrimas derramadas ao rever todas essas fotos, e fazer esse post. Que todos possam sentir orgulho e gratidão pelos seus bons feitos!
Para sempre,
#SurdosExistem
#CadeALegenda
Grande abraço, e um 2017 cheio de legendas para vocês.
Dani.
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