quarta-feira, 27 de abril de 2016

O lado negro da força..ops, perda auditiva



Sabe porque é difícil aceitar?
Perder as vozes de quem a gente ama.
Ouvir, ouvir, e não entender.
A pessoa falar uma frase, e geralmente escutar só vogais - e nem todas.
Fritar os neurônios pra preencher esses vazios na fala.

O silêncio -às vezes- irrita.

Aquelas pessoas das quais tenho a voz bem vívida na memória, que converso sempre e realmente gosto, essas eu tenho paciência pra ouvir em uma ligação ao telefone, me concentrar muito pra tentar entender cada palavra. Digamos que minha lista de prioridades (de pessoas) é determinada pelo tempo de ligação, preciso gostar muito mesmo de alguém pra ficar mais que 10 minutos no telefone tentando decifrar cada som.

É muito comum ficar "viajando mentalmente", concentrada tentando lembrar da voz de alguém. Tentar ouvir de novo, lembrar de algo que a pessoa me falou na última vez que a vi.
Gravar bem a voz, o jeito de falar, isso é muito importante pra mim.
Não estranhe se eu ficar  focada em seus lábios, estou apenas fazendo leitura neles.

Com o tempo, não necessito tanto disso, por exemplo: Na primeira vez que você falar "Lista de cálculo", vou ouvir algo como "i ta cál o", mas com a leitura labial vou saber o que foi dito. E pela memória auditiva, quando eu ouvir novamente  "i ta cál o" de você, vou saber que é "lista de cálculo". Por isso com quem eu conheço à tempo não preciso de leitura labial sempre. (Embora é bom ler os lábios, pra evitar entender coisas erradas e acabar em situações beeem constrangedoras hahaha)

        A vida passa a se resumir em memória auditiva. Ao ver a pessoa falando, o cérebro faz a gente achar que está ouvindo a voz da pessoa. Mas é só fechar os olhos que o som desaparece. É incrível, uma ilusão. Tudo porque nossa mente lembra da voz de cada um, e perder isso é devastador.


É triste notar que algumas vozes vão indo embora, já não saber mais como a pessoa fala algumas vogais/consoantes.Deficiência auditiva é mais complicada e abrangente do que muitos pensam.



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